No coração da Amazônia, no Centro Comunitário de Alter do Chão, na aldeia Borari, o Festival de Cinema Latino-Americano de Alter do Chão brilhou com a exibição de 22 filmes na Mostra Pitombeira, uma celebração audiovisual dedicada ao público infanto-juvenil. O evento atraiu cerca de 100 curumins e não apenas encantou as crianças que estavam presentes, mas também plantou as sementes do apreço crítico pelo cinema.
O salão comunitário da vila foi transformado em um espaço mágico, repleto de risos, curiosidade e alegria, à medida que os pequenos se entregavam ao mundo fascinante do cinema e das atividades realizadas. Realizado no primeiro dia do CineAlter 2023, dia 3 de novembro, a sessão contou com a parceria do Serviço Social do Comércio (SESC) que levou atividades da biblioteca itinerante.
“A nossa mostra infantil é sempre pensada com muito afeto para nossas crianças amazônicas, com intuito de formação de plateia e democratização do audiovisual. As crianças estão imersas em um mundo tecnológico, logo precisamos do cinema para fazer essa conexão de vários saberes por meio das narrativas exibidas pela 7ª arte”, falou Priscila Castro, coordenadora coordenadora de relações institucionais.
O CineAlter, reconhecendo a importância de cultivar um público crítico desde a infância, escolheu deliberadamente abordar temas relacionados às vivências da região onde ele ocorre. Acreditando que a identificação com suas próprias experiências e raízes é fundamental para criar apreciadores conscientes de cinema, a Mostra Pitombeira mergulhou nas riquezas culturais e ambientais da Amazônia.
Desde o ano passado, o CineAlter adota a premissa de incluir sessões infantis, refletindo a convicção dos organizadores, como João Carlos, coordenador de produção, de que o cinema deve ser acessível a todos, incluindo as crianças. Para João Carlos, “se o cinema precisa ser para todo mundo, ele também precisa ser para as crianças”.
A curadoria cuidadosa do festival desempenha um papel fundamental ao selecionar produções que oferecem perspectivas únicas, diferentes daquelas a que as crianças estão habituadas. Na Mostra Pitombeira infantil, os filmes não apenas cativaram, mas também apresentaram um novo caráter, visão e estética, deixando os olhos das crianças maravilhados com o inesperado.
Raíssa Duarte, uma das mães presentes, compartilhou a experiência de seu filho Shiva Isaac Duarte, de 3 anos, aluno da creche SEMEI de Alter do Chão. Shiva, pela primeira vez no cinema, ficou encantado com os filmes, demonstrando não apenas alegria, mas também reflexão diante do que foi exibido. Os filmes abordam temáticas essenciais para a saúde intelectual das crianças, explorando o medo e questões climáticas, como as queimadas. Raíssa observou não apenas o impacto em Shiva, mas também em outras crianças.
. “Eu acredito que esse era o propósito do CineAlter este ano: deixar uma impressão duradoura e significativa. Eu fiquei encantada e meu filho mais ainda”, enfatizou.
Ao final da Mostra, o que ficou evidente foi mais do que uma simples tarde de entretenimento; foi um investimento na formação de um público crítico e consciente. As crianças da comunidade Borari, de Santarém e turistas não apenas desfrutaram das projeções, mas também foram instigadas a refletir sobre sua própria realidade, criando um diálogo entre o cinema e a rica tapeçaria cultural da Amazônia.
Serviço – O CineAlter é uma realização do Instituto Território das Artes, organização sociocultural do Tapajós, em Termo de Fomento com a Secretaria de Estado de Cultura do Pará (SECULT/PA), via emenda parlamentar do Deputado Federal Airton Faleiro. O festival conta também com a parceria de 42 instituições públicas e privadas.
Texto: Natashia Santana e colaboração de Ádyla Valente