Premiado em festivais internacionais, o filme “We are Guadians” (Somos Guardões) teve a estreia na Amazônia no primeiro dia do Festival de Cinema Latino-Americano de Alter do Chão – CineAlter nesta sexta-feira, 3, realizado na vila turística de Alter do Chão. O filme destaca a heróica missão de Marçal Guajajara, guardião da floresta indígena, e da ativista Puyr Tembé, que evidencia questões complexas do desmatamento da Amazônia. A obra está confirmada no streaming, na Netflix, em 2024.
A obra tem a direção de três diretores: o ativista indígena Edivan Guajajara e os cineastas Chelsea Greene e Rob Grobman – Chelsea esteve presente na estreia realizada no CineAlter. O filme tem também a produção executiva do diretor e ator Leonardo DiCaprio. “Somos Guardiões” mergulha nas entranhas da máquina econômica por trás do desmatamento desenfreado na região amazônica.
“Meu sentimento de ver o filme exibido aqui na Amazônia é muito forte, porque o filme foi todo feito na Amazônia. Eu sou diretora dos Estados Unidos, mas eu queria que o nosso filme tivesse somente as vozes das pessoas que moram na Amazônia, que têm a vida deles, todas dependentes da Amazônia”, disse Chesea. Ela fala ainda “as pessoas no filme, elas têm as vidas riscadas devido ao relaxamento dos direitos aos territórios, o desmatamento”, enfatizou.
Ao explorar as perspectivas contrastantes, o documentário acompanha o Marçal Guajajara e Puyr Tembé enquanto lutam para proteger seus territórios do desmatamento, de um madeireiro ilegal que não tem escolha a não ser derrubar árvores e de um grande proprietário de terras à mercê de milhares de invasores e da indústria extrativa.
Estreia no CineAlter – O festival que este ano destaca a conexão entre cinema de impacto e as mudanças climáticas, encontra em “Somos Guardiões” uma expressão poderosa. O filme não apenas informa, mas também inspira ação, convidando o público a refletir sobre seu papel na preservação do meio ambiente e na defesa dos direitos dos povos indígenas.
Para o coordenador do festival, Raphael Ribeiro, esse é um espaço para o cinema de impacto na Amazônia que desempenha um papel crucial na promoção de narrativas cinematográficas que transcendem as telas e reverberam questões sociais e ambientais urgentes.
“Ficamos felizes com a oportunidade de fazer a estreia na Amazônia dessa obra potente, que transcende as fronteiras do entretenimento, sendo mais do que uma obra cinematográfica, mas um apelo urgente à preservação da Amazônia e à coexistência sustentável entre as comunidades locais e o meio ambiente”, disse.
Ao transcender as fronteiras do entretenimento, esse documentário é mais do que uma obra cinematográfica, mas um apelo urgente à preservação da Amazônia e à coexistência sustentável entre as comunidades locais e o meio ambiente.
Visibilidade tapajônica – O Festival de Cinema de Alter do Chão fortalece as vozes das comunidades amazônicas. Isso cria uma plataforma para que eles contem suas próprias histórias, muitas vezes negligenciadas nos meios de comunicação convencionais. Essa representação autêntica pode desafiar estereótipos e promover uma compreensão mais profunda e respeitosa da vida na Amazônia.
Lia Malcher, 28 anos, cineasta e antropóloga nascida em Santarém, apresenta o filme “O Que O Rio Me Falou”, que narra a jornada da cantora e compositora Cleide Vasconcelos, originária do Quilombo do Arapemã, considerada uma importante liderança quilombola de Arapemã, situado na margem esquerda do rio Amazonas em frente à cidade de Santarém, oeste do Pará.
A produção destaca a música como uma ferramenta essencial na vida cotidiana de Cleide. Mais do que uma trilha sonora, a música torna-se uma força motriz na luta pela preservação do território quilombola e nas relações construídas junto à sua família e ao movimento social.
Malcher expressa sua alegria e a importância de participar do CineAlter, ressaltando o papel do festival em fomentar a cena local de produção audiovisual e proporcionar acesso a filmes independentes.
“É super importante um festival de cinema aqui na região, tanto para fomentar a nossa cena local de produção audiovisual, que tem crescido muito nos últimos anos, como também para criar espaços onde as pessoas possam assistir filmes de cinema independente, que a gente sabe que ainda é muito difícil a gente ter acesso aqui na nossa região”, enfatizou a jovem diretora.
Sobre o CineAlter – O Festival existe há 3 anos e promove cinema e o audiovisual no interior da Amazônia. Desde a primeira edição é considerado uma importante ferramenta de expressão cultural e social, permitindo que as comunidades locais compartilhem suas histórias, tradições e desafios de uma maneira única por meio do audiovisual.
Serviço – O Festival é uma realização do Instituto Território das Artes, organização sociocultural do Tapajós, em Termo de Fomento com a Secretaria de Estado de Cultura do Pará (SECULT/PA), via emenda parlamentar do Deputado Federal Airton Faleiro. O festival conta também com a parceria de 42 instituições públicas e privadas.